Se o Espírito Santo fosse um país, ele seria o segundo maior produtor de café conilon do mundo! E muito desse destaque se deve ao trabalho dos cooperados de uma cooperativa capixaba que se tornou referência no Brasil e a maior do planeta. Neste Dia Mundial do Café, celebrado em 14 de abril, vamos conhecer a trajetória da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel — a Cooabriel. Se hoje, a Cooabriel literalmente colhe os frutos com números expressivos e um dos maiores faturamentos de sua história - R$ 2,03 bilhões só com café em 2024 - a cooperativa teve sua origem em 1963, quando a variedade canéfora era pouco relevante no cenário nacional.
Sediada em São Gabriel da Palha, no noroeste do Espírito Santo, a cooperativa foi fundada por um grupo de produtores locais, com o incentivo de um padre que havia recebido informações sobre o potencial do cooperativismo. A primeira iniciativa foi modesta: a abertura de uma mercearia com itens básicos, desde alimentos até ferramentas para o dia a dia no campo. À época, predominava o cultivo de café arábica (variedade Bourbon) na região. Em 1964, a cooperativa adquiriu sua primeira máquina de beneficiamento de café.
Mas enquanto a cooperativa recém-fundada se organizava para atuar no setor cafeeiro, a Política Nacional de Erradicação se estabelecia sobre grande parte dos cafezais capixabas. O arábica, então base da economia agrícola local, passou a ser erradicado. À essa época, o setor representava até 80% da força de trabalho rural no estado, e as alternativas de cultivo propostas não foram bem-sucedidas.
A Cooabriel enfrentou sérios desafios financeiros. A crença no cooperativismo, porém, possibilitou a superação por meio de empréstimos e capitalização interna dos cooperados. Mas ainda havia uma lacuna econômica e social. Era preciso encontrar uma nova atividade agrícola capaz de sustentar economicamente a região e frear o êxodo rural.
O café conilon despontou como uma alternativa, mesmo diante de grande descrédito quanto à sua qualidade. Muitos nem consideravam seus grãos aptos para consumo. Ainda sem mercado garantido, pequenos plantios foram surgindo. A primeira abertura comercial veio com a indústria de café solúvel, através do empresário Jônice Tristão, no início dos anos 1970. A cooperativa passou a atuar como elo entre produtores e compradores.
A Cooabriel expandiu suas unidades, serviços e ações voltadas à qualidade do produto e à profissionalização da gestão das propriedades, como a criação de programas de assistência técnica, levando conhecimento sobre as melhores práticas na relação entre produtividade e qualidade. O Concurso Conilon de Excelência Cooabriel tornou-se pioneiro na valorização da qualidade do conilon.
Por sua atuação, a Cooabriel tornou-se símbolo de organização e inovação no campo. Com mais de 8 mil cooperados, encerrou 2024 com faturamento bruto de R$ 2,57 bilhões. Atua no Espírito Santo e na Bahia, com 12 unidades de armazenagem, 17 lojas de insumos, além de laboratório de análises, jardim clonal e viveiro de mudas — oferecendo estrutura completa e suporte em todas as etapas da produção.
“Costumo dizer que o produtor precisa ter apenas a terra e o desejo de plantar”, reflete o presidente da cooperativa, Luiz Carlos Bastianello, a respeito da ampla gama de serviços oferecidos. “A cooperativa tem sido uma mola propulsora nos municípios onde atua, como uma instituição organizada que facilita a vida do produtor, seja no fomento, propiciando o que ele precisa para sua atividade, mas, acima de tudo, na comercialização, garantindo a venda do produto”, avalia.
Essa união de força e visão de negócio, gera escalabilidade e acesso a mercado que os cafeicultores não teriam de forma individual. “A cooperativa cumpre bem o papel de instituição, não apenas na vanguarda para alavancagem da atividade, mas influenciando a melhoria da qualidade de vida nas comunidades onde atua, através de uma série de benefícios que somente o cooperativismo é capaz de proporcionar”, finaliza Bastianello.
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